No último dia fomos para o Harlem, à aventura, para assistir a uma missa com Gospel. Nenhum de nós é particularmente crente, mas fazem-se tours turísticas para ver as cantorias e é algo realmente diferente. Já fui a missas cá em Portugal, e a JH foi recentemente a uma e disse que os cânticos eram projectados na parede para serem seguidos, muito à frente!
Lá fomos a uma avenida e escolhemos uma igreja que tinha alguns turistas à porta, mas sem ser um autocarro inteiro deles. Era digno de filme, ou como nos filmes. As pessoas todas vestidas com roupa de domingo, vestidos e fatos completos, os miúdos direitinhos, elas com vestidinhos e eles com fatos de tamanho grande a parecer que eram dos pais ou manos mais velhos, senhoras de chapéus e grandes unhas, todos aperaltados como já é raro ver. As senhoras que cantavam e a senhora do piano tinham uma batina cor lilaz. Enquanto cantavam, andavam compassada e lentamente, acompanhando o ritmo com palmas.
Deram-nos um plano da missa, com os números dos capítulos e parágrafos a ler e cantar, as partes constituintes do período religioso. Era engraçado mas foram duas horas compridas e estranhas.
O padre estava muito entusiasmado, gritava e ecoava os ámen e aleluia assim repetidos, tipo “ámen-amen-amen” e “aleluia-aleluia!”, e saltava por detrás do seu “posto” (confesso que o meu vocabulário para este tema não é muito rico).
Por várias vezes solicitaram a contribuição, ora com os miúdos e senhoras que vinham com os cestos, ora por as pessoas se levantarem e depositarem as ofertas num recipiente maior. Suponho que seriam para várias causas, mas nós só contribuímos uma vez.
Houve a parte em que todos os visitantes se apresentaram, brasileira, espanhol, franceses, italianos, suecos e portugueses, claro. Engraçado o encontro de culturas, mas éramos todos turistas, nem todos entraram no início e muitos saíram antes do fim.
No tal plano havia indicação para rezar pelos doentes, e tinha o nome das pessoas que estavam doentes nessa semana. Depois para rezar pela igreja todos os dias às 18h. E como a igreja fazia anos na semana seguinte, pediam a contribuição de todos com cento e tal dólares (já não me lembro do número exacto), mas se pudessem para dar o dobro, e tinha escrito os duzentos e tal que faziam o dobro. Pois…
Levanta, senta, levanta, senta, lê, levanta, discursa, senta, sermão (súbito sono partilhado por todos), levanta, cumprimenta, senta, levanta…
Depois da missa fomos comer. O Harlem era inquietante, e a oferta de locais de comida era estranha. À aventura, entrámos num de comida senegalesa, acho que era isso, tipo afro-american. Tudo era muito picante, estranho, falavam francês com pronúncia africana, não quisemos questionar o aspecto da cozinha nem a descodificação de todos os ingredientes. Mais uma experiência!
JM
1 comentário:
Giro! Quero ver se faço o mesmo quando for a NY em Julho, para ver como são as missas da "concorrência"... :)
Mas já fui a 2 espectáculos de gospel em Lisboa e foi o máximo!
Obrigado pelas descrições da viagem, muito interessantes!!
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