Na terça-feira à noite fui a uma tertúlia de jornalistas organizada pela Casa da Imprensa n' A Brasileira, a propósito do centenário das duas instituições. O tema era as tertúlias de antigamente, o hábito que os jornalistas de diferentes redacções tinham de se encontrar depois da hora do fecho e partilhar uma conversa com artistas, fadistas, actores, músicos.
Hoje isso já não acontece e, ao longo da noite, os "mais velhos" e os "mais novos" discutiram o jornalismo de hoje, a nova realidade das redacções, o mercado, as novas tecnologias, blogs vs tertúlias, etc...
Mas o que eu mais gostei daquela noite foi ter estado perto de grandes figuras como o Baptista Bastos, o Mário Zambujal, o Adelino Gomes...
Quando tinha 14 ou 15 anos, li alguns livros do Mário Zambujal. A Crónica dos Bons Malandros, duas ou três vezes, Histórias do Fim da Rua e À Noite Logo se Vê... E aquela figura era tão distante... De certa forma ainda é, porque não consigo vê-los como "camaradas" - a única forma de tratamento possível no jornalismo, porque se chamamos a outro "colega", ouvimos logo um sénior: "colegas são as putas!"
Noutro dia comentava com um amigo que ainda hoje me sinto corar quando digo a alguém que sou jornalista. Quando me perguntam a profissão, a resposta sai-me sempre baixinho, entredentes, meio enrolada. E fico dois ou três segundos à espera da reacção da outra pessoa... Levanta a cabeça, olha para mim novamente, franze o sobrolho, à procura da jornalista atrás deste ar de miúda.
Há dias disseram-me: "Mas ainda tens cara de estudante".
JH.
1 comentário:
Estive dois dias numa conferência na Assembleia da república. Nestes dois dias fui almoçar à cantina do ISEG. Foi aí que agradeci ter ar de estudante. Nem queestionaram a idade, nem pediram o cartãozinho amarelo e lá almocei por 1.90€ em vez de quase 4€!
A verdade é que o meu colega que ia comigo não escapou! :)
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