Faz hoje um ano e meio que saí de PT. Adaptei-me bem à vida de
Amesterdão, sinto-me bem na cidade e talvez tenha adoptado alguns hábitos.
Sem dúvida que dou mais valor ao sol e ao calor, que por cá incide em menor quantidade e qualidade. Já levei a cadeira de “praia” para a rua e li uma revista/livro iluminada pelo sol, se fizesse isso em Lisboa pareceria ridículo.
Tive de deixar de ter calças com virola, não dão jeito para as viagens diárias de bicicleta, é desmanchar e coser à mão.
Em conversas de elevador ou quando não há nada para dizer... adoptam-se as interjeições locais: Ya-yaaA…, He-heeeE…, Zooo..., Chonga-ionga-ionga… :P
Ao contrário dos meus colegas holandeses, continuo a querer abrir a janela e as persianas para entrar luz natural e ver a vista lá fora, às vezes há coelhos, para não falar dos aviões; enquanto eles preferem a janela fechada e tudo escuro.
Mas não sou amiga de comer sandes com talheres, e muito menos bolos do tipo bola de berlim! Nem de comer 10 rebuçados por dia, toffees, gomas e afins. Nem me converti ao almoço de 4 fatias de pão com queijo, regado com meio litro de leite, todos os dias igual. Minha rica refeição quente e variada, sopas “normais” feitas em casa, sem parecerem molhos de bifes com natas e ingredientes “estranhos”.
Continuo a ir com frequência a PT e mantenho o TMN ligado, não me converti a emigrante "desnaturada". Começo a ser fã do lugar 7F no avião, está sempre disponível no check-in online, fica perto da saída, não demora a receber a sandocha e é de janela.
Se falo holandês? Para quê?... Mas lá fiz um curso, posso acrescentar mais uma língua no CV, tenho o nível A2, Advanced Beginner, ui ui... Consigo fazer compras e estar nos restaurantes a comunicar em holandês, percebo mais do que falo. Não é suficiente para ler o jornal mas consigo perceber na diagonal o conteúdo da correspondência que recebo. Se precisasse esforçava-me mais, mas não é mesmo preciso, tanto a nível profissional como pessoal. Se quiser fazer mais um nível já me posso candidatar a um exame para poder ser motorista de táxi ou de autocarro, níveis mínimos de comunicação. Não estou para aí virada.
Na despedida do TP662,
já que vão cancelar esse voo e não vão adaptar os horários das outras 2 ligações... já que atrasou 1h e me fez perder os transportes viáveis para o centro, tive de me render ao táxi. O taxímetro avançava à medida de qualquer contador digital de segundos, uns 10mins de corrida equivalem a 37eur. Mas comuniquei com o taxista em holandês, disse para onde queria ir, que fosse por tal rua, virar à esquerda, direita... sim, sim, o voo atrasou 1h. Obrigada e até à próxima. Correu bem, o sr era simpático, não aldrabou a tarifa. E até me elevou a mala à porta de casa, poupei 8 degraus com a mala de porão e os seus inevitáveis 20kgs :D
A pergunta comum é “até quando ficas?/quando voltas?”, ainda não há resposta, mas um dia será, de certeza!