Ternura
Desvio dos teus ombros o lençol,
Que é feito de ternura amarrotada,
Da frescura que vem depois do sol,
Quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te lentamente,
E é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
David Mourão-Ferreira
(este poema, delicioso, foi assunto de conversa recente com um amigo, o Ricardo)
2 comentários:
:O))) bjsssssssssssssssssssssss
70s
Ainda bem que gostas, é lindo não é... Eu trago-te o livro quando for a casa da minha mãe.
Beijos, Ricardo.
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