domingo, janeiro 21, 2007

Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol,
Que é feito de ternura amarrotada,
Da frescura que vem depois do sol,
Quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te lentamente,
E é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira

(este poema, delicioso, foi assunto de conversa recente com um amigo, o Ricardo)

2 comentários:

Anónimo disse...

:O))) bjsssssssssssssssssssssss

70s

Anónimo disse...

Ainda bem que gostas, é lindo não é... Eu trago-te o livro quando for a casa da minha mãe.

Beijos, Ricardo.