sexta-feira, março 02, 2007

A vida ao contrário

Eis o que me ocorre por ver sempre todos os dias várias pessoas com alguma idade em frente ao Pingo Doce à espera que sejam 9h e abram as portas:

Quando nascemos o dia-a-dia é preenchido a comer e dormir, ou seja, dormimos a maior parte do tempo e não temos grandes horários.
Quando somos pequenos, mesmo na primária, não temos a noção das horas, temos o dia todo livre, levantamo-nos às 7 da manhã totalmente despertos e com uma energia bestial.
A entrar na fase difícil da adolescência queremos ficar na cama o dia todo, não levantamos cedo. Queremos fazer coisas mas não conhecemos o mundo, não temos muita liberdade e sofremos com as mil dúvidas diárias, os problemas borbulham a olhos vistos.
Na fase final do secundário e faculdade ainda temos algum tempo, queremos fazer coisas mas não temos dinheiro, dormimos durante dias e estudamos em noitadas.
Em trabalhadores temos finalmente dinheiro mas não temos tempo e a liberdade é condicionada para fazer o que nos apetece.
A fase seguinte não sei bem como é. Nas mais avançadas, deve acabar a vontade de dormir e um bocado do dinheiro. Levantam-se muito cedo, às 7 da manhã já estão na praça, antes das 9h já estão alegremente a conversar à espera que o Pingo Doce abra. Suponho que tenham muito tempo livre. Talvez não tanto dinheiro, energia e vontade para fazer ‘coisas’.
Há sempre os casos irritantes daqueles que dispõem de dinheiro toda a vida, têm trabalhos com muito tempo livre e realizam todas as ‘coisas’ que lhes apetece.
Cada um tem de fazer o balanço do que tem e da ginástica que tem de fazer para ter o que quer.
E pronto, tenho inveja de quem come pão fresco e quente todos os dias...
JM

1 comentário:

Tiago Tavares disse...

Também sinto a falta desse pão fresco todos os dias, que nós (que tínhamos as nossas mães "em casa") nos habituámos a apreciar...
E ainda hoje quando saía para o trabalho reparava na quantidade de velhotes a caminho do supermercado!