sexta-feira, novembro 17, 2006

Ainda a IVG

Uma coisa que - já na altura do primeiro referendo, tal como agora - sempre me fez confusão é a nítida sensação de que os dois lados da "barricada" (o sim e o não) não estão a discutir a mesma coisa.
Porque o "sim" defende o direito à escolha, a possibilidade de a mulher, se assim o pretender, poder fazer um aborto num local seguro, com condições de higiene do século XXI e minimizando os riscos de complicações como a esterilidade ou a morte.
Porque o "não" lembra sempre que é pró-feto, que existe um ser humano desde o momento da concepção.

A minha dúvida é se alguém acredita realmente que os defensores do "sim" são a favor do aborto em si.
Lamento que as pessoas confundam as coisas e insistam em misturar na discussão o argumento pró-vida.
Porque o aborto existe. Clandestino, em vãos de escada, induzido com talos de couve ou agulhas de crochet.
E as mulheres têm o direito de poder escolher fazê-lo nas melhores condições possíveis. Claro, com acompanhamento psicológico depois, com todo o apoio possível, evitando que o recurso à IVG seja encarado como um contraceptivo.
É essa a discussão, porque pró-vida somos todos nós.

JH

6 comentários:

Tiago Tavares disse...

A minha dúvida é se alguém acredita realmente que os defensores do "sim" são a favor do aborto em si.

Não percebo o que significa "ser a favor do aborto em si". Achar o aborto uma coisa agradável e sem problemas?
Claro que ninguém fica contente quando alguém aborta (excepto, talvez, quem é pago para o fazer).
Mas parece-me que o "sim" é a favor do aborto como escolha possível e legítima face a uma gravidez indesejada, certo? Pelo menos interpretei assim a frase da JM "sou a favor do aborto".

Nem o "sim" desconhece que existe um feto a ser eliminado, nem o "não" desconhece que há uma mulher (ou casal) a sofrer.
Mas há um conflito entre 2 direitos, o direito à vida do feto e o direito à escolha da mulher, e a nossa divergência é sobre qual deles deve prevalecer. Daí os termos pró-vida e pró-escolha. Mas nisso concordo contigo, também não gosto desses rótulos.

E reconheço que o aborto de vão de escada é um problema grave dentro do problema. Mas acho que cada vez mais o "aborto ilegal" é feito por médicos ou enfermeiras em clínicas normais (fora do horário de expediente), com as mesmas condições do "aborto legal".

O meu desejo e empenho é que o aborto, legal ou ilegal, aconteça cada vez menos. Não é infelizmente o que acontece aqui na "avançada" Inglaterra...

PS: gosto de discutir contigo e sem dúvida que ambos nos entusiasmamos com este tema. Mas é só uma troca de ideias, nada pessoal! ;)

JoanaH disse...

Bem sei, Tiago!
O referendo apanhou-nos no 12º ano (lembras-te daquele debate que moderámos sobre o tema na Anselmo?), e tivemos muitas oportunidades para discutir o assunto.
Nunca nos conseguiremos "convencer" um ao outro e ainda bem, mas a troca de opiniões é muito saudável!
E isso só acontece nas boas amizades! :)

um beijo

(ps: qualquer dia visito-te! já esteve mais longe...)

Tiago Tavares disse...

É verdade! Acho que nesse debate percebi que não podia ser jornalista... é tão difícil manter uma postura isenta! E se a senhora do "sim" me irritava, o senhor do "não" era péssimo... enfim...

Ainda bem que podemos discutir! E cheira-me que não vai ser a última vez nos próximos meses... ;)

Beijinhos, e aparece quando quiseres

Camarão disse...

Bem princesa , andaste na escola?
pensei que tiveses sido sempre desse (pequeno )tamanho...

Borgia disse...

Pois é. A violencia domestica existe. Sempre existiu. E infelismente irá existir.
Será logico, licito, despenalizar a violencia domestica para que no sec XXI os homens de forma higiénica possam num dia de bebedeira espancar as esposas? Com Kits de tijolos distribuidos nas tabernas?
Esperemos que se acabe com as causas. Não com as consequencias.

Anónimo disse...

Q hipocrisia! senhor "alessandro" esse comentário foi feio e despropositado e vê-se bem a tua personaliddade... As causas??? Nem vale a pena.
Metes nojo.
J.