quarta-feira, abril 05, 2006

Dar sangue

A 1ªa vez que fui dar sangue, foi pela sugestão/convite da JH e estávamos em 99.
Fomos à sede da CGD, onde eles têm o Grupo de Dadores de Sangue, pertencente aos Serviços Sociais da CGD. Uma vez por mês, recebem as várias entidades, hospitais e institutos (Instituto Português de Oncologia, por exemplo) e as pessoas da Caixa e outros voluntários podem ir dar o seu contributo.
Nessa vez correu bem e senti que era uma boa acção que se podia fazer, civicamente, que ajuda muitas pessoas, e sinto-me "útil e prestável" à sociedade. Também podemos pensar que um dia podemos vir a precisar e que não deve ser em cima do acontecimento que se remedeia a situação. Se por um lado tenho um tipo de sangue "comum", isso também significa que pode servir a muita gente, e não são apenas os tipos "raros" que são mais precisos.
Ficamos a saber o tipo de sangue, são feitas análises gerais e às doenças infecto-contagiosas, nomeadamente as hepatites, tuberculoses e HIVs. Se houver algum valor preocupante eles comunicam (nunca me aconteceu), mas de qualquer modo, enviam para casa um resumo dos resultados. E ficamos a saber (confirmar) que não temos SIDA e outras doenças graves. Esses testes são muito caros e, apesar de confiar em mim e nas pessoas com quem me relaciono, ficamos sempre mais descansados por eliminar hipóteses.
Todas as pessoas saudáveis podem dar sangue. Existem, no entanto, condições que visam salvaguardar os próprios dadores e receptores da contribuição. Temos de ter mais de 18 anos, mais de 150cm e mais de 50kg. As mulheres podem dar de 4 em 4 meses e os homens de 3 em 3. Se dermos duas vezes num ano, ficamos isentos do pagamento das taxas moderadoras, pede-se o papel e altera-se o cartão de utente.
O processo pode variar dependendo da entidade envolvida mas no geral temos sempre inscrição, consulta médica, dádiva, paparoca e brindes. Chegamos e recebemos uma senha de vez, increvemo-nos ou confirmamos os dados e ficam com o cartão de dador para registar mais uma dádiva. Pode haver um médico ou enfermeiro a fazer a picadinha da hemoglobina, que se faz num dedo da mão e dói! Se tivermos um valor baixo (anemias) podemos ser recusados. Depois a consulta médica com a medição da tensão e registo do peso e altura. Nessa altura fazem-se uma série de questões importantes que pretendem avaliar a aptidão do dador: drogas, doenças, transfusões, operações, comportamentos sexuais, medicamentos, piercings e tatuagens recentes, contacto com pessoas ou países de risco, etc. Depois escolhemos o braço e deitamo-nos na maca. Picadinha e podemos ver que o nosso sangue é escuro, enquanto é recolhido para umas saquetas apropriadas, ao mesmo tempo que se recolhem amostras para tubinhos que vão para análise. Não tiram "litros" de sangue. De acordo com a constituição da pessoa, a dádiva oscila na ordem dos 0,4-0,6L. O tempo depende da pessoa, da veia, da velocidade com que sai o sangue, hoje demorei 10min. Comprime-se o sítio da picadinha e põe-se um penso. Descansamos um bocadinho e passamos à mesa da comida.
Já vi várias versões: sandes, sumos, água, café, cerveja (sem álcool), frango assado, salgados vários, bolos, bolachas, biscoitos... Temos de repôr o nível de sangue, não fazemos esforços nesse dia e bebemos muitos líquidos.
Finaliza-se a visita com a entrega de um saquinho de brindes onde está sempre presente uma flor ou manjerico (na devida altura). Ao longo do tempo contabilizo canetas, blocos, ímans, porta-moedas, porta-chaves, pratos, copos, tigelas, tshirts, etc.
Acho que antigamente pagavam para ter dadores, mas o belo do "voluntário" começou a sê-lo por interesse e abandonaram a ideia. O meu pai dá no hospital da Almada e agradecem quase sem mais nada.
Já levei vários amigos para dar sangue e já contabilizo algumas histórias. Renovar o sangue também é saudável, e esse é um dos motivos pelos quais o meu pai dá, para baixar os níveis de não-sei-quê.
Alguém ficou tonto? Alguém quer as datas das próximas acções de recolha?
Alguém chegou ao fim deste post? :o)
JM

6 comentários:

Anónimo disse...

Cheguei ao fim sim! :)
E onde foi essa doação? Já dei várias vezes e nunca tive direito a brindes! :)

JoanaM disse...

Ena ena, um comment! :o)
Foi mesmo na própria sede da CGD, na Av João XXI, no grupo de dadores de sangue dos serviços sociais da CGD. Cheguei a dar na faculdade, no IST, mas aqui o tratamento é muito mais "comfy"...
Já passei as 10 dádivas e acho que vou receber um diploma!

Mafi disse...

Eu também já dei, já fui recusada mais vezes dos que as que pude dar e actualmente não posso mesmo dar. No entanto, vou tentando para ver se deixam! agora... brindes nunca recebi! discriminação!!!!
E é verdade, não custa nada dar sangue!

Anónimo disse...

eu tb cheguei ao fim!!!

e já lá fui contigo :D ... eheeh, cada vez que me lembro... tinha 3 enfermeiras de volta de mim, a ver se apanhavem a veia do braço esquerdo... lol... no esquerdo nunca mais, depois de ter andado umas 2 semanas com o braço negro.

a ultima vez que dei, foi em Dezembro (uma prendinha de Natal) e foi atraves do grupo de corporate citizenship da empresa onde trabalho. Se todas as empresas fizessem um esforço, as colheitas seriam com certesa maiores

Tiago Tavares disse...

Também cheguei ao fim, e tb já dei sangue umas 10 vezes. Na universidade, na igreja, no Garcia de Orta, no IPO... mas sempre sem brinde! Tenho de ir à CGD! E já tenho pensado ir dar a um hospital aqui em Londres, mas ainda não calhou.
Eu que sou muito mariquinhas com essas coisas de sangue e agulhas, fiz uma fita desgraçada na primeira vez que dei (lembras-te, Ana?), mas agora já não custa nada! Tento apenas não olhar para lá...
Mas o episódio que mais recordo foi na universidade. Um anfiteatro cheio a meio de uma aula, e entra uma senhora do Instituto do Sangue a avisar que estavam a fazer lá a recolha e a explicar como funcionava. Em poucos minutos tínhamos uma rapariga hiper-impressionável a desmaiar numa fila do meio, e o Rui a pegar-lhe ao colo e a levá-la para apanhar ar, perante a estupefacção de todos os restantes. Nos anos seguintes ela passou a faltar no dia em que vinham as senhoras do sangue...
Ah, e esqueceste-te de dizer que todos os anos nos mandam um cartão de parabéns!
Já agora, alguém chegou ao fim do comment? :)

JoanaM disse...

Ena ena! Tantos leitores! Obrigada!
É verdade, ainda nos mimam com postal de aniversário e de Natal e bom ano! Eu também não olho na picada, e dói! Mas gosto de olhar a cor do sangue só para confirmar que estou "viva" :)
Deve ser mais complicado dar sangue no estrangeiro, mas é válido! Se um estrangeiro precisar de sangue cá, leva com sangue de tuga. Sangue saudável é sangue válido! Seja de tuga, não tuga, branco, preto, amarelo, vermelho, eskimó, feminino ou masculino!