quarta-feira, outubro 26, 2005

Anselmo, meu Amor

Os profs da Anselmo pediram-me (através da minha mãe... ) que escrevesse um pequeno texto sobre mim e a minha relação com a escola, para editar no jornal deles. Até me esqueci da tarefa durante alguns dias, mas anteontem lembrei-me de repente que tinha de escrevê-lo e, mesmo em cima da mesa de jantar, na cozinha, arredei os pratos ainda com restos de comida e escrevi isto, assim, tudo de enfiada. Efeitos retardados do SPM, diria eu. E aqui vai:

Da “Anselmo”, escola onde fiz o secundário entre 1995 e 1998, recordo principalmente o orgulho que sentia de aqui estudar. Era frequente perguntarem-me se estudava na “Anselmo”, como se nós, os alunos, tivéssemos uma marca invisível que nos identificava.
Acreditava na altura, e ainda acredito, que me faziam esta pergunta só para confirmar, porque a “marca” estava evidente na minha formação… e não por me acharem uma betinha!
Da “Anselmo”, recordo a simpática psicóloga, a doutora Julieta, que ainda no 9º ano, me ajudou a escolher a área que eu iria seguir. Grande aptidão para Matemática e para Humanidades, revelaram os testes psicotécnicos. E eu preferi a segunda hipótese, porque sempre me imaginei em “Letras”, apesar de hesitar na escolha da profissão: advogada, psicóloga ou jornalista?
Recordo também as minhas incursões na associação de estudantes, dos meus colegas e amigos, que às vezes encontro nesta fase de “adultos”. Uns são advogados, outros enveredaram pela psicologia ou pela assistência social. Há dias encontrei o João, que acompanhava como estagiário do Correio da Manhã uma visita do Santana Lopes…
Lembro-me da minha querida professora Helena Cruz, que me avivou o gosto pela História. Da bem-disposta professora Isabel Amaro, que entrava na sala a exigir que abríssemos as janelas todas, e que me contagiou com a paixão pelo Português. Das amáveis professoras de Alemão, Inês Pereira e Gracinda Dias, a quem eu pedia que me ensinassem a pronunciar este meu apelido germânico que ainda hoje me dá tanto trabalho a soletrar. Das afáveis professoras de Geografia, do professor Fontes Rosa, a disciplina de que eu menos gostava, apesar de não dispensar as minhas aulas de aeróbica no ginásio. Do professor substituto de Métodos Quantitativos, cujo nome esqueci, que repetia à exaustão “desmistifiquem isto”. E do recentemente desaparecido professor de Inglês, José Luís Gageiro, com o seu humor e sarcasmo tipicamente “british”, que me desafiava constantemente a superar os meus próprios limites e a quem devo o hábito de distinguir as matérias por cores, o que transformava as folhas dos meus cadernos em arco-íris.
Lembro-me também das funcionárias, em especial da Paula da reprografia, que tirava centenas de fotocópias das enciclopédias da biblioteca quando eu metia na cabeça que havia de fazer um trabalho de história que mais parecia uma tese de mestrado.
Oito anos após ter saído da “Anselmo”, é com alegria que aqui regresso por vezes, quando um professor me convida para falar da minha (ainda pouca) experiência no jornalismo, e aproveito para cumprimentar algumas das pessoas que me ajudaram a ser quem sou hoje.

3 comentários:

Anónimo disse...

bem joana... este post foi um regresso à Anselmo... o que me ri a imaginar as aulas de alguns profs de q falaste... :)

Anónimo disse...

Amei o texto... Enquanto o li senti os olhos a ficarem húmidos e pensei: "não.... não vou chorar!"

Faz dez anos em Setembro que entramos naquela escola pela 1ª vez...tinhamos a ingenuidade dos 15 anos e a certeza de que nos esperava um futuro brilhante!

Foram tempos fantásticos, que ainda hj nos deixam memórias que provocam um sorriso de orelha a orelha!

Este texto reavivou um conjunto de acontecimentos esquecidos como aquelas conversas no "cantinho" das quais hoje tenho muitas saudades e que lamento profundamente que a vida agora vivemos já não nos permita ter com a mesma frequência e intensidade!

OBRIGADA Joana, do fundo do meu coração por continuares a ser a amiga especial que sempre foste e me continuares a proporcionar momentos como os do "cantinho"!

Tiago Tavares disse...

E para completar o quarteto da Costa da Caparica (ou melhor, Santo António) que durante 3 anos abrilhantou uma das turmas de humanidades da Anselmo, quero aqui deixar umas palavrinhas.
Lembro-me de encontrar a tua mãe na praia, pouco depois de saber que tinha entrado na Anselmo, e de lhe fazer um questionário exaustivo sobre como era a escola e os professores... foi uma emoção ir para a tão desejada Anselmo!
Para além das aulas e dos intervalos, lembro com saudade a viagem a Palma de Maiorca, as nossas diárias viagens de autocarro, as boleias de "2 Cavalos" com a mãe da Joana (lembram-se de quando chovia muito e a vala transbordava?), os jantarem de turma no Boa Esperança/A Nau e as saídas à noite em Almada Velha... e muitas outras pequenas coisas (como as bolas de Berlim a 50$ e os Panikes do bar)...
Foram anos bem vividos, e que bom que passados estes 8 anos mantenhamos pontos de encontro, sejam na Costa da Caparica city ou no cyberespaço.
Beijinhos para as 3!