terça-feira, novembro 28, 2006

Um domingo em grande


No Domingo o pai Mota fez anos, fomos almoçar fora.
Depois fomos à Gulbenkian ver a exposição do Amadeo de Souza Cardoso. Não conhecia a obra e gostei muito. Ele próprio dizi que não tinha escola e também não consegui responder a um colega meu que perguntou qual o estilo dele. Tinha vários, coloridos, mais soturnos, várias técnicas à pincelada, geometrias, desenhos com tinta da China, quadros simples e daqueles que a imagem dificilmente se parece relacionar com o título. Fiquei logo com vontade de pintar, mas nunca há tempo.
Depois fui ter com o André Cid e fomos para o armazém de Alcântara. Há anos que contribuo para o Banco Alimentar. Andava há muito tempo a querer ajudar do outro lado, no voluntariado e gostei muito.
Vão chegando carros, carregam paletes, uns abrem os sacos e deixam as coisas cair num tapete rolante, outros recolhem coisas de um tipo, coloca-se em caixas, embala-se com fita e enche-se outra palete.
Comecei por levar caixas vazias, depois recolher sacos e finalmente encarregue de recolher latas de feijão. Muitas latas de muitos tipos de feijão, branco, preto, encarnado, manteiga, frade, latas grandes e pequenas. Às vezes também iam latas de ervilhas e de milho. Outros recolhiam latas de atum, salsichas, azeites, óleos, massas, leite, cereais, sal, etc. assim tipo fábrica, muito engraçado, muita malta jovem. Às vezes o tapete enchia-se com mais coisas e era o caos a recolher as coisas e escoar para as mesas onde se punham em caixas. Às vezes parava à espera de novas paletes.
E depois há aquelas ‘ofertas’ estranhas, como perecíveis de ovos, iogurtes, pão, manteiga. E aqueles ‘alimentos’ pouco comuns como sabonetes, guardanapos, brinquedos, lenços de papel. Caixas de chocolate guylian, bombons, pudins e gelatinas, queques, garrafas de água,
encontra-se de tudo.
Vê-se muitas tias a ajudar e miúdos de 13 anos a tratarem-se por você. Tinha música e iam dizendo quantas toneladas já tinham. Todos ajudam a fazer alguma coisa e vê-se muitos escuteiros já habituados às tarefas. Quando se partia uma garrafa de azeite, cobriam de areia e varriam, ficava logo resolvido!

E para baixar o nível da saca de sacos de plástico vazios, pegavam nos miúdos mais pequenos e ficavam dentro da saca gigante como se estivesse a pisar uvas, coitado, ficava todo sujo mas divertia-se.
Uma pessoa sente-se útil e é giro. Só não fiquei mais porque tinha de ir embora.
Fiquei lá umas 3h e depois fomos comer, tinha jantar.
E depois ainda fui ver o James Bond. É loiro e não tem metade do charme do Pierce, para além de ter uma expressão facial mais 'dura'. Mas o seu porte altamente atlético e o bom desempenho do papel convence. Muitos tiros e pulos e correrias, esfarrapa-se todo mas é incansável. Seria o primeiro filme da saga, daí ter alguns pormenores ‘estranhos’ algo lamechas. Mas ficamos a perceber a criação do ‘shaken not stirred’, a relação com as mulheres e o mítico ‘Bond, James Bond’.
JM

7 comentários:

Tiago Tavares disse...

Tb já fui uma vez para o armazém de Alcântara, já lá vão 12 anos! Ainda não havia tapete rolante, mas já havia tias e escuteiros.
Depois passei a ir para os supermercados, dar sacos à entrada e recolher os alimentos à saída. É interessante ver que muitas vezes quem dá mais é quem tem menos...

Anónimo disse...

Isso é verdade...
mas qual é o mal dos escuteiros?
J.

Anónimo disse...

os escuteiros não têm mal nenhum... são um bando de meninos vestidos de parvos, chefiados por um parvo vestido de menino.... ;)

joana, lá te espero lá para Março ou Abril, para mais uma mãozinha no BA

Ass: Parvo vestido de menino

Mafi disse...

Acho que durante 5 anos fui para os supermecados distribuir os sacos vazios e recolher os sacos cheios. É realmetne interessante ver quem dá, quem não dá e de que forma fogem de dar fingindo não nos ver ou ouvir ou fazendo cara de mau! Dava quase um estudo sociológico! :)

JoanaM disse...

Ena ena, estou tão contente. Raramente tenho comments e este já me encheu as medidas!
Lembro-me de uma vez estar a dar carros cheios de compras, com dinheiro que sobrou de uma organização da faculdade, em vez de gastar em copos decidimos dar ao BA. Enquanto recolhiam em sacos o carrinho cheio veio uma senhora com o seu saco mas reticente e desconfiada e a perguntar a quem se destinava a dádiva. Isto porque "se fosse para os pretos de África" ela não queria dar! Enfim... mas também já percebi que os mais humildes dão sempre qualquer coisa. Apesar das tias ajudarem nas operações. Os destinatários obviamente têm direito a comer chocolates como todos os outros, mas rejeitei a ideia da caixa Guylian de formato grande. São chocolates caros e não dão para todos, como decidem a quem dar? Sorteiam? A fome mata-se com alimentos a sério, sopa, arroz, feijão. Um complemento fica bem intencionado mas na prática pode dar azo a confusão. A caixa é minha, vi primeiro!
JM

Anónimo disse...

Quanto à questão do que se deve ou não dar a culpa é única e exclusiamente do BA.
Nos últimos anos aquando da entrega do saco também se fornecia um papel com o que se deveria comprar. Este ano isso não foi feito.
Quem costuma participar nas campanhas sabe o que dar mas quem se inicia fica à nora.

JoanaM disse...

Olá. Não sei quem és, mas o papel não é necessário. Desde algum tempo que a lista de itens alvo vem impressa nos sacos de plástico que os voluntários dão à entrada dos supermercados, por isso é fácil saber o que se pode dar! O facto de os sacos serem patrocinados é um pormenor, mas todas as ajudas são benvindas! Este ano até tinham uma novidade junto às caixas de pagamento, uns 'bilhetes' com códigos de barras que assumia a compra de determinados produtos, um pacote de arroz, uma garrafa de azeite, ou um pequeno kit completo.
JM