terça-feira, fevereiro 14, 2006

Chaves do Areeiro

Quando tivémos o problema pensei logo nessa empresa conhecidíssima, Chaves do Areeiro.
Imaginei logo uma operação ao estilo Missão Impossível para abrir a porta, com mecanismos altamente sofisticados.
Percebi que tinham muito trabalho tal era a estimativa de espera. Há assim tantos esquecidos de chaves ou com problemas em abrir a porta, por essa Lisboa fora? Negócio à vista!
Mas não, apareceu um senhor de meia/alta-idade com uma mala tipo de cartão, regular e antiga. Abriu e era ver a desarrumação de ferramentas velhas e gastas por onde vasculhou até encontrar uma lima com que afagou a chave e abriu a porta. Foi rápido na 1a vez. E são 50,5 eur. (!!!) Não tinha dinheiro nem cheque, fui levantar à confiança do sr que esperou por mim.
No dia seguinte era um sr mais novo mas com 10 anos de experiência, que não conseguiu abrir a porta. Pediu ajuda a outro com 20 anos de experiência e nada. Lá se abriu a porta depois de muito bater e empurrar e partir uma chave. Mas foram simpáticos e não cobraram pelo serviço. Pudera, daí a um par de horas iam receber centenas de euros por uma fechadura nova, anti-ladrões espera-se!
Pelo menos temos chaves novas, sem ser cópias mal feitas e garante-se que os anteriores inquilinos não voltam a meio da noite se lhes der na telha.
E o senhorio pagou.

JM

1 comentário:

Anónimo disse...

A minha experiência com as Chaves do Areeiro é kafkiana: entre as 15 e pouco e as quase 19 do dia 21, telefonei para vários números desta empresa (C. De Ourique, Campolide, número central) a partir de um café por debaixo de minha casa; tinha perdido as chaves de casa, deixando dentro dela telemóveis e chave do carro. As exigências debitadas à vez por cada interlocutor foram de tal ordem que, já às 20 horas (e com a ajuda de amigos para casa de quem tive que me deslocar porque os cafés fecharam), contactei outra empresa. Chegaram em meia hora, demoraram apenas uma hora, com troca de fechadura, e tudo apenas com a presença de polícia e de um vizinho. Serviço rápido, eficiente e cortês.
Hoje, toda a rua sabe o que se passou, o dono do café que ouviu os telefonemas não se cansa de comentar e eu aproveito a situação para explicar aos meus alunos a diferença entre a burocracia e a iliteracia, no meio de fortes gargalhadas provocadas pela reprodução dos diálogos com as Chaves do Areeiro.
Uma amiga a quem contei o episódio comenta: é por isso que os estrangeiros não querem vir viver para Portugal. Eu respondo que sempre há os chineses que, tendo obtido as suas residências numa tômbola, devem andar com a caderneta predial no bolso, género bilhete premiado.
Maria Gaspar